quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Continue 10, 9, 8, 7...

Já repararam como o pinball é a metáfora perfeita para a vida? Você é expulso do princípio de tudo por um canal reto, empurrado para um espaço confuso e inevitável. Se você fosse uma bola de ferro, contra quais obstáculos você gostaria de bater a cabeça? Exatamente, não é você quem escolhe. É a força da gravidade e duas alavancas perturbadoramente temperamentais. E quando você acha que está ficando realmente bom em evitar ser engolido pelo nada, ou, na linguagem de gamemaníacos-sopradores-de-fita-de-atari (será que esse neologismo à base de hífen também será banido pela nova reforma ortográfica?), “pegou a manha”, você cai. Apenas isso, você cai.

Então você aprende que o pinball não passa de uma caminhada, e que do caos das luzes e barulhos irritantes você pode tirar sabedoria, e até um pouco de calma. Sim, um pouco de calma. Ela vem sem que você perceba. Sem até que você planeje. E ela não será eterna, ela dura até a próxima queda. Óbvio, não? E por isso mesmo tão difícil de ser percebido.

E com a máquina você aprende que não existe uma grande oportunidade, apenas tentativas e perseverança. Bolas lutando contra a gravidade e contra as duas alavancas que atrapalham e ajudam de acordo com o humor de suas almas. Sim, vocês não sabiam que o metal possui alma própria? Tudo aquilo que usamos como ferramentas desenvolvem almas a partir da desilusão das nossas, e por isso algumas se tornam tão cheias de vontades e capazes das mais certeiras quedas em diferentes pontas de dedos. Mas você continua tentando, como que impulsionado por um instinto ancestral. E as bolas continuam sendo banidas pelos tubos como expulsamos o ar de nossos pulmões. Viver é um eterno auto-lançamento para um ambiente hostil, e talvez por isso mesmo sempre nos divertimos, por mais que xinguemos, soquemos ou chutemos.

Ps: feliz 2009, amiguinhos, papai está de volta ;)

Um comentário:

Leonardo disse...

desse eu gostei muito... e a mola do pimball é uma espécie de deus... hahahaha um dia a gloria perez vai escrever uma novela sobre o povo que acreditava nisso...abraço!