sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Camisetas personalizadas de tarja preta

Tudo escuro e silencioso, as condições perfeitas para uma grande fuga. Silêncio, vocês atrás de mim! Não vamos estragar tudo agora, principalmente porque eu quem tive o esforço de arquitetar a coisa toda de forma perfeita. Gabriel, seu rufião dançarino, pare com a maldita Macarena! Se Freud estivesse vivo ele criaria a Pulsão Macarena em sua homenagem, seu merdinha. Em locais comuns, as paredes possuem ouvidos. Em um hospício, as paredes possuem ouvidos, câmeras de segurança e leões de chácara que se fingem de enfermeiros, então tratem de fazer silêncio para que tudo continue escuro e silencioso! Droga, Bernardete, jogar o urinol cheio na parede de vidro não foi uma atitude legal da tua parte. Eu te disse que vinganças e represálias deveriam ficar para depois que escaparmos. Agora, voltemos antes que os enfermeiros gorilões cheguem. Todo mundo, em fila indiana, por favor. Indiana, já falei! É mais fácil coordenar babuínos com diarréia crônica no uso de uma única privada do que loucos em fuga de um hospício...

Eu mereço estar aqui. Só os presos são inocentes que não merecem estar na prisão, os loucos sempre merecem estar onde estão. Eles merecem estar para não poderem estar para merecerem sair e estar. Entendeu? Meu psiquiatra também não. Vai ver por isso ainda estou aqui, sem entrar no mérito do merecimento. Ou não. Mas não importa. Tudo começou com um plano perfeito. Uma coisa muito simples: eu ia dominar o mundo. Para isso, eu precisava de uma estratégia. Eu ia enlouquecer as pessoas para depois domina-las. Como? Essa é a parte brilhante: camisetas personalizadas! CA-MI-SE-TAS PER-SO-NA-LI-ZA-DAS! Eu, Rodrigo Rodrigues Rojas, sou um gênio! Bastava entrar em cada e-mail, fotolog, blog e alma de todas as pessoas, oferecendo minhas camisetas personalizadas diariamente até fazê-las, as pessoas, e as camisetas também!, babar e espumar de insanidade. Se elas se interessassem, melhor ainda, vendia qualquer Hering manchada e ainda ganhava unzinho. O Coringa e o dr. Evil que se fodam, sou mais eu!

O plano funcionava harmonicamente, um lago dos cisnes maquiavélico e vitorioso. O problema foi quando eu comecei a mandar as ofertas de camisetas para mim mesmo. Nesse exato momento, percebi que talvez eu não fosse muito normal. Especial, como diria mamãe. Fui procurar ajuda profissional, então, e me jogaram nesta joça de paredes brancas. Eu podia falar um palavrão. Vou falar. Não, não vou não. Vou enviar camisetas personalizadas, pois é bem pior. Mas o local não é de todo ruim, vejam bem, conheci pessoas muito interessantes. O Gabriel, já lhes falei do Gabriel? Um figura, ele dança a Macarena compulsiva e cotidianamente, é impressionante. Porém, o mais importante é que o recinto provia minha sede de poder com o maravilhoso néctar da pós-modernidade comunicacional, a internet. Jamais abandonei meu mantra das camisas. Minha atual vítima é um blogueiro desses aí. Ele está prestes a vir fazer parte do séquito particular que formei por aqui, eu pressinto.

Consegui alimentar a boca faminta por olhares e insanidades desse estabelecimento com louvor. Minha tática das camisetas revelou-se estrondosamente frutífera no objetivo de me agregar seguidores. Bernardete foi o exemplo melhor sucedido do que seria a pupila perfeita. Provavelmente ela me sucederia no trono da nova ordem Rodrigo-rodrigues-rojiana mundial que se anunciava. Mas seu ato impensado e arremessador de urinóis necessitava de represália. Uma pena. Vou ter que deixá-la sem bananada no jantar de hoje.

Mas nada disso importa, tudo está escuro e silencioso novamente. O ontem foi um outro dia que não o hoje. E o hoje é o dia onde tudo ocorrerá sem deslizes. Já estamos quase no fim do corredor de número não importa, e agora é o momento mais complicado, pois precisamos passar pelos enfermeiros vigias do turno da noite. É agora. Isso, Gabriel, distraia-os com a Macarena enquanto rumo à minha liberdade = dominação do mundo = tirania para o resto das pessoas! Sinto a sede de poder sendo saciada gradativamente pela porta última tornando-se cada vez maior em minhas retinas, está tão perto, está tão perto... dor.

Muita dor. Geralmente este é o resultado do choque de um cacetete contra uma cabeça. E se a cabeça for a minha, então a situação torna-se realmente dramática. É a quarta vez só essa semana que a fuga fracassa. Pelo visto, Gabriel não tem treinado a Macarena o suficiente, preciso alertá-lo para tal detalhe. Enquanto sou arrastado para meus aposentos, sou informado que, assim como Bernardete, ficarei sem minha bananada no jantar. Droga. Até os gênios precisam de planos melhores de vez em quando. Mas não há motivo para pânico. O cara do blog está para chegar e, então, tudo será diferente. Eu pressinto.

3 comentários:

Mauro Amoroso disse...

Prezado Camisetas,
Maior propaganda que esta o senhor não obterá. Então, pare de encher a porra do meu saco e nunca mais comente nesta merda de blog.
Grato.

Leonardo disse...

Maurinho! Grande crônica!!! hahahahaha excelentes imagens e se bobear você vai ganhar uma camiseta personalizada com a imagem de babuínos com diarréia disputando uma única privada! E com esta crônica escrita no verso... é mole! Esse cara ainda vai enriquecer as suas (nossas) custas... (pois afinal a idéia do desenho da camisa é minha!!! hahahaha)
Grande e forte abraço meu querido!

Anônimo disse...

Tu vai começar a vender camisetas, mauro? hahaha